on 10-30-2019 10:38 AM - edited on 07-23-2020 02:26 PM by ThalitaC
O Disque Denúncia é uma organização não governamental e um canal de exercício de cidadania e de interação da sociedade com as autoridades constituídas. É um instrumento de suporte à atuação das polícias contra o crime e a violência. O serviço estimula a participação popular nas políticas públicas através de campanhas e presença constante na imprensa. Desde sua fundação, ajudou a desvendar casos complexos e apoiou grandes operações policiais. Desde sua criação, em 1995, a central de atendimento recebeu mais de 2,5 milhões de denúncias. Em parceria com a PATH e a Alteryx, através do programa Alteryx For Good, o Disque Denúncia usou o Alteryx Designer para fazer análise geográfica, preditiva e prescritiva dos dados. Os insights detalhados revelam ações criminosas complexas; desconstroem mitos e ajudam os órgãos de segurança a resolver ocorrências e encontrar pessoas.
O Disque Denúncia opera em parceria com a Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, recebendo as denúncias, segmentando-as por tipo de ocorrência, difundindo-as para as autoridades responsáveis, cobrando e divulgando seus resultados através da imprensa.
O atendimento do Disque Denúncia é feito por telefone, app e redes sociais de segunda a sábado. A média diária é de 380 denúncias e o anonimato do denunciante é garantido. As denúncias incluem informações sobre pessoas desaparecidas ou procuradas, crimes ambientais ou contra os direitos humanos, corrupção, roubo de energia elétrica e muito mais. Um dos maiores desafios que a equipe do Disque Denúncia enfrenta é a falta de padronização dos registros, dados sujos e poucos detalhes sobre a localização das denúncias. Além disso o banco de dados era muito simples, em formato SQL e não tinha estrutura definida.
O Alteryx ajudou a melhorar a base de dados do Disque Denúncia, a extrair informações e a corrigir os erros ortográficos de cada denúncia registrada. Assim foi possível montar os dashboards e passar informação de qualidade para os órgãos de segurança. A primeira fase do projeto foi dividida em oito fluxos de trabalho.
1. Identificação dos shapes de bairros do estado do Rio de Janeiro
A informação cartográfica do IBGE não está atualizada, por exemplo, os polígonos (áreas delimitadas com latitude e longitude) não têm o nome dos bairros, principalmente para cidades pequenas. O desafio é pegar os shapes do IBGE usando as ferramentas geográficas do Alteryx para criar um centroide que devolve uma latitude e longitude. Para fazer a engenharia reversa, foi preciso utilizar a API de geocode do Google que passa a lat/long e devolve o nome do bairro. Assim, foi possível identificar os nomes dos bairros e dos shapes para o estado do Rio de Janeiro.
2. União dos shapes do estado com os shapes do ISP
O Instituto de Segurança Pública (ISP) divide os bairros do Rio de Janeiro em Circunscrições Integradas de Segurança Pública (CISP), Regiões Integradas de Segurança Pública (RISP) e Áreas Integradas de Segurança Pública (AISP). Essas siglas são codificações para gerar estatística para polícia e para imprensa. Os shapes do ISP também não tinham os nomes dos bairros, mas tinham informações relevantes como a área delimitada que os batalhões de polícia cobrem. O fluxo de trabalho abaixo une o shape do ISP com o shape dos bairros que foi identificado na etapa anterior.
Nessa etapa, foi feita a limpeza da base de dados do Disque Denúncia para juntar com os shapes dos bairros. O formulário usado para registrar as denúncias tem campos abertos para texto, então muitas vezes os nomes dos bairros e outros detalhes são escritos incorretamente. Usando a ferramenta Correspondência Parcial para identificar as variáveis de escrita dos bairros foi possível acertar 80% da base. Agora a base está limpa e esse processo, que antes era todo manual e com o qual se perdia muito tempo, está automatizado.
Baseado no texto de cada denúncia desde 2002, a gente identificou palavras, XPTOs ou hashtags para criar uma base de pessoas que vai além da base de foragidos da polícia. Junto com essa base da polícia de pessoas foragidas e a base de denúncias, criou-se a base de personas.
5. Identificação dinâmica dos XPTOs com base em palavras chaves
Esse fluxo foi criado para fazer busca dinâmica de palavras-chave por classificação como corrupção, roubo de carga, gato de luz, etc. O resultado da busca mostra todas as denúncias em que a palavra-chave aparece.
Depois de identificar todos os procurados da justiça e criar a base de personas, criou-se a base de rastro que mostra ao longo do tempo por onde a pessoa tem andado e quais as denúncias associadas a ela. Com isso, gerou-se um padrão de movimentação dentro do mapa que mostra a trajetória dos denunciados. A visualização do rastreamento foi feita no Tableau.
Nessa etapa, criou-se o network analyzer para saber com quem os denunciados estão associados em cada denúncia. O resultado mostrou informações reveladoras como denúncias de grandes traficantes associados com pessoas de grande influência.
8. União e retroalimentação da base analítica
A última etapa foi juntar todas as bases e jogar em hyper para os dashboards no Tableau. Eles são atualizados automaticamente para que a polícia possa facilmente pesquisar. Os dashboards mostram quase em tempo real as denúncias por categoria, localização, data, horário, pessoa e também apontam qual o batalhão da polícia é responsável pela região.
O Disque Denúncia busca ser uma referência no atendimento de denúncias anônimas, sobretudo na coleta de dados, cumpre a função de interlocução entre o cidadão e os órgãos de segurança, mobilizando a população a realizar mais e melhores denúncias.
O uso de tecnologias como o Alteryx Designer é essencial para identificação e refinamento das denúncias que ajudam a gerar novos e valiosos insights dando um retorno imensurável para a população.
A análise detalhada feita no Alteryx Designer garante a qualidade da informação e ajuda a polícia a conectar os pontos e prender pessoas que eram procuradas há anos. Além de tudo, essa solução baseada em dados ajuda a acabar com mitos como o de que a milícia não está associada com tráfico de drogas.
Isso tudo é apenas o começo desse projeto. As próximas fases vão incluir análise de redes sociais, análise de sentimento, análise de semântica, análise de risco, análise de vínculos, mineração de dados, mineração de texto, mineração de áudio, reconhecimento de imagens e criação da base preditiva para prever crimes por bairro.
Fiquei encantada quando vi a apresentação deste trabalho pela 1a vez e fico muito feliz de vê-lo agora como um caso de uso aqui na comunidade. Parabéns mais uma vez @veronicasimoes
Uma demonstração de como a ferramenta adequada pode transformar uma tarefa árdua em um processo automatizado. Durante o desenvolvimento da solução, foram vários os obstáculos vencidos, os processos sendo construídos e a base tomando sua forma final aos poucos, mas sempre evoluindo. Parabéns!
Uma ferramenta fantástica que ajudou a vencer todos os obstáculos nesse projeto! Parabens!